A líder comunitária Raimunda Gomes da Silva, conhecida popularmente como Dona Raimunda Quebradeira de Coco, 78 anos, morreu na noite dessa quarta-feira (7), no assentamento Sete Barracas no município de São Miguel do Tocantins, região do Bico do Papagaio.
Dona Raimunda que era diabética, já estava cega e sofria com problemas respiratórios, passou mal durante a tarde na comunidade onde morava, recebeu atendimento médico, mas não resistiu e faleceu no início da noite.
A trabalhadora rural se tornou símbolo de ativismo e ajudou a fundar o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), criado em 1991 e atuante nos estados do Pará, Tocantins, Piauí e Maranhão.
Pela sua atuação na defesa dos direitos das mulheres trabalhadoras da região do Bico do Papagaio, recebeu o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Tocantins e prêmios como o Diploma Mulher-Cidadã Guilhermina Ribeira da Silva(Assembleia Legislativa do Tocantins) e o Diploma Bertha Lutz (Senado Federal).
Perfil
Nasceu em Novo Jardim (MA), filha de agricultores pobres, em uma família de 10 irmãos. Casou-se aos 18 anos, mas, em meio a uma relação difícil, decidiu abandonar o marido 14 anos depois e criar sozinha os seis filhos, trabalhando como lavradora. Na sua constante migração à procura de serviço, chegou ao Bico do Papagaio, região desassistida onde moravam 52 famílias.
Para levar trabalho comunitário à região e proteger os moradores das ameaças de grileiros, começou a mobilizar a criação de sindicatos rurais.
Em sua trajetória, foi responsável pela Secretaria da Mulher Trabalhadora Rural Extrativista do Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS) e uma das fundadoras da Associação das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio (Asmubip).
Atualmente Dona Raimunda estava casada com o também aposentado Antônio Cipriano, e adotou seu sétimo filho, Moisés, órfão de um líder sindical assassinado na década de 1990.
Nas Telas
A ativista teve sua trajetória contada em um documentário ‘Raimunda, a Quebradeira', lançado em 2007 com direção de Marcelo Silva e coprodução: Public Produções, TV Palmas, Fundação Padre Anchieta (TV Cultura).
O filme, vencedor do Festival de Brasília de 2009 com os prêmios de direção, fotografia e som e foi exibido nas principais telas do Brasil e ganhou o mundo eternizando a história desse símbolo de resistência da mulher tocantinense.
AF Notícias
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